quinta-feira, 21 de junho de 2012

Página 77


Ela não sabe onde olha
E ela não sabe quem vê
E tampouco, as horas, ela não sabe
Mas ela olha, olha o quê?

Ela está sentada,
Pernas cruzadas
Ela esboça um sorriso
Mas ela já toma siso 

Livro aberto em sua frente
Perde o sorriso,
Olha de repente
E me vê... Dou-lhe um aceno

Finge que não me vê
Vira de lado, abre um sorriso
Eu vejo, passo, ela volta a ler
Página 77, é de poesia, sem compromisso

É uma menina assim!
Penso eu, assim que eu preciso!
Já vou-me concluindo,
Passo a passo, piso por piso

Imagino, que menina de olhos perdidos...
Ela vê o infinito, tem o livro de poesia
Quando volto, flores nas mãos, cartão colorido
A menina já se foi, a menina que eu queria

Então, lágrima vem, onde está ela?
Faço um livro,escrevo poesia
Uma por uma e penso nela
Aquela menina, daquele outro dia

Aquela menina, daquele outro dia
Nunca mais a vi...
Já ela, página 77, sempre lia
Daquele livro que eu escrevi.

Brincadeira - V - Bolso


O bolso está vazio...
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio,
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio,
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio,
O bolso está vazio, o bolso é vazio
O bolso vazio, o bolso vazio está
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso vazio, está o bolso vazio
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso está vazio, vazio
Vazio está o bolso, o bolso vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio
O bolso está vazio, o bolso vazio
O bolso vazio, o bolso está vazio
O bolso vazio, o bolso está vazio
A folha está cheia, muito cheia,
Mas o bolso...
O bolso está vazio

Amar


Amar sem alguém em vista,
Adorar trocar olhares risonhos e beijar a testa,
Andar de mãos dadas, somente para ver a noite passar,
Abraçar pelo frio, que esquece os solitários,
Gostar de repetir os gestos, que rotineiros,
Aos olhos de um pintor de Veneza,
Traduziria um moço e uma moça apaixonados pela marca da eternidade.
Amar sem alguém em vista,
Ser capaz de amar o cheiro da bela moça alheia
"Como é mesmo o nome dela?",
E a amaria com delicados beijos
E a amaria sem receio de chamá-la de linda, girá-la ao espaço
E não preocupar-se em ser amor de mais, para que ela desista de seu abraço.
Não é preciso metáfora,
É lindo e puro, ter dois dias, e ter um dia, e ter uma, meia-hora de amor eterno
E ser convidado, para estar lado a lado,
Na certeza que o inverno se dissipará com íntimo toque
Com terno beijo, com delicadas mordidas...
Ah, o desejo de amar,
Esse fogo, já aceso, buscando a quem queimar,
A quem lamber com as chamas,
A quem, com suavíssimo toque,
A quem, com olhos utópicos,
A quem, com doce voz acalentar,
Amar, amar e amar,
E amá-la...
Um beijo,
Um beijo...

Parabéns


Não poderia eu,
De forma diferente
Dar-te o que é teu
Como se fosse um presente, este soneto.

És de floricultura beleza
Essa garota que hoje faz anos
A quem desejo riqueza
Não menos do que amor, paz, vida, por outros mais e longos

Mas é claro que saúde, sucesso,contam também
E é claro que existe todo o mistério,
Que se revela com a delicada carícia

Carícia esta, deste soneto de parabéns,
Que quer de todo o universo, de hemisfério a hemisfério, 
Demonstrar toda a felicidade do mundo para você,Urbe Letícia.