quinta-feira, 29 de março de 2012

Olhos, Olhos, Olhos

Olhos, olhos, olhos
Olhos, olhos, olhos
Na Universidade

O que tanto eles vêem?
Essa visão humana,
Essa exata, biológica

Futura enfermeira, contador,
Desempregado, Engenheiro, psicopata
Olham, olham, olham,
Na Universidade

Mas que tanto eles vêem?
Nos corredores passo fantasmagórico
E eles olham, olham, olham
Pela Universidade

Moça bonita, futuro Advogado,
Fisioterapeuta, blusinha azul
Olha e me olha, passa e anda
Pela Universidade

Bloco três, tantos olhos
Vêem tudo, sociologia
Estudam todos,
Olhos, olhos, olhos

Casados, Ensino Médio, aposentados
Técnicos, eletricistas, divorciados
Solteiros, namorados amigos

Olhando tanto, o que eles vêem
Na Universidade?

É tanta gente,
Tanto povo, número,
Vida e olhos, olhos
Olhos, na Universidade

Que me olham,
Acadêmicos ou não,
Moços, moças,
Todos, na Universidade.

E eu, ando
Livro na mão
Passo nos corredores

E olho, olho, olho
Olhos, olhos, olhos,
Na Universidade

Mas não encontro nada
Em tantos olhos
Pela Universidade

Mas me respondam,
Por favor, Universitários
O que tanto vocês,

Olham, olham, olham
Olham, olham, olham
Na Universidade?

quarta-feira, 28 de março de 2012

Moça de estrela vertente


Moça de estrela vertente,
Teus olhos me convidam unicamente
A te desejar e
Te chamar de linda,

Mas acontece
Que nem os astros a traz
E míngua
Uma esperança querida
De te ver
Doce e quente
Desejando meu beijo.

Como é triste a expectativa
Na extática hora
Altiva e clemente.

Hora em que despeço-me de ti
No momento imaginário da noite
E que, no entanto, sinto a felicidade
De que vem a  aurora seguinte,

E que verei teus olhos
Novamente com teu
Corpo que induz
A perca do norte
E que não
Temo a morte


Que nem os astros
Podem aplacar minha vontade
E o desejo
De te chamar de linda
Em todas as noites e horas
E dias
Ao teu toque,
Moça de olhos
De estrela vertente

Que teus olhos
Me lembram a noite

E teu sorriso
Me lembra a corrente de Andrômeda


E por isso
Que és minha estrela

A qual tem luz vertente, 
Priscila


Ah, esse desejo
Trágico de te ver reluzir
À minha frente
Depois do poente


E ter vã a esperança
De te ver cadente
Aos meus lábios,
Estrela minha

De luz vertente,
Moça da estrela vertente

terça-feira, 13 de março de 2012

Não mais agora.


“...E te amo, e te amo, e te amo, e te amo...”
– Vinicius de Moraes, O Mergulhador.

Por mais que agora tudo te aborrece o que digo
Talvez haja poesia que não te recite,
Mas que talvez você acredite no doce amigo –agora-,
Que te fala na doce voz, de frases versadas

E que muito não volte a sentir,
Pois dizer de boca éramos calados,
Fadados a transmitir aquilo com olhos – e agora -,
Te enamorar com próprios amores estarrecidos

Atracados numa baía tranqüila de seu colchão na sala
E vigiarmos loucos, loucos, loucos de beijinho
Você fugindo para todos os lados – mas agora –
Lembrar, em todo caso, de toda infância inventada.

E não há chance de proclamar em sobriedade
A idade já escapa meus olhos
E tudo foi-se de menino – agora pouco-,

E surpreendentemente te dizer, mais que insano,
Sob a vontade de te pegar em qualquer lado da casa
E gritar para o mundo todo que te amo, e te amo, e te amo, e te amo...

- não mais agora...- 

quinta-feira, 8 de março de 2012

Uma


Própriamente dito,
Eu cansei,  eu sei
É estranho,
Tão de repente, assim
Comigo.
Logo eu que as amo,
Que faria tudo por elas,
Eu cometeria um crime,
Eu mataria pessoas,
Mas hoje, agora,
Uma, somente uma,
Diante de um sorriso de verdade
Sem metáforas, sem luas,
Somente dentes e puramente lábios
Só lábios, nada mágico,
Apenas superficial, existencial,
Único!
Eu só queria uma, diante de mim
Sem teatro, sem livros, de verdade
Longe de tudo, mas perto de lábios.
Saber, somente para saber
O que é esse músculo em meu peito
Eu gostaria de somente uma,
Não precisa ser linda,
Mas que alguém me escute.
Eu
Queria
Dizer
Uma
Palavra
Nesta
Poesia.

Yasmin


Desenhando-te, quero beijar-te aqui. 
Te escrevo justamente por querê-la aqui,
Para ver o que acontece...
Eu sei que não é assim que se escreve,
Mas eu quero falar de começo de seus cabelos;
É como um tesouro que eu queria agarrar,
Eles descem teu rosto, enchem e terminam mechas
Delicadas no pescoço de boneca
E por falar em boneca...
O rosto, meio de lado, inclinado...
Está séria... como eu quero beijar-te...
Então, não é apenas isso,
É que há uma rosa em seus lábios,
Uma ternura que me agrada,
Uma verdadeira delicadeza nisso tudo,
Que eu adoraria saber a fragância
Um ou dois centímetros deles
E depois, de vigilância, te olhar
Da boca para os olhos
E deixar minha mão acariciar,
Meu rosto acariciar,
Tirar seus foninhos
E te dizer que pensatriz desta maneira
É linda... por mais que tudo seja disconexo
E te faria um poema disconexo
Só pra dizer-te,
Que queria seus lábios de rosa,
A mecha de seu cabelo
E seu rostinho inclinado...

Eu sei que não é assim que se escreve.

Brincadeira III


Mais um poema
Eu saio da vida boêmia
E viro bebum de esquina.
Deixa para lá, essa mania
De que eu devo escrever
Todos os dias,
Porque logo, não haverá mais dias
E só vai haver poesias na vinha vida.

Enquanto isso, meus melhores amigos, meus melhores leitores se deleitam num bar, jogam bilhar, e eu nunca perco essa porra de rima que aparece nas minhas frases, sem crazes, às vezes de propósito... Tsc, chegem logo! Eu, como a chuva lá fora, pretendo obrigar alguém a se secar, meus melhores amigos-leitores.

Versos molhados


Poema antigo

Quantas fazem glop glop agora?
Galopam cavalos marinhos e razam aves brancas
Mas, me diga, quando haverá uma nova hora?
O céu refletido já é pútrido e trava as barcas.

Foi a origem de tudo, certa vez
Dependemos dela, agora
Acho que será o fim, talvez
Se toda ela for embora

Quero ser transparente e límpido
Mas os versos são escassos e feios
Leia a branda superfície em raso nítido
As máquinas mortíferas estão sem arreios

Notou, já, sua falta?
Não digo da água, pobre humano
Falo da sua, que mata
A tí mesmo, seco, em doce paraíso artesiano.

Tempo


Poema antigo

Tempo é hoje
Pelo ontem vejo
Ontem não é hoje
Mas também é tempo

Tempo de espera
Ele se acresce
Gira aquela esfera
E tudo desaparece

A noite cai
Me sobe o pensamento
Tempo vem e vai
Encontro-me por dentro
Para tudo há tempo

O Munda das Rosas


Poema antigo

Venho buscar-te neste lugar
Lugar diferente e prazeroso
Rosas a se encontrar
Perfume vermelho, céu grandioso

Sangue e lágrimas
Clima de romance
Você naquela fonte
E eu a buscar-te

Feliz te encontrara
Ansioso e viajante
Retiro sua máscara
Vejo o olhar pensante

Desvisto minha capa
Estendo-me a ti
Segura minha mão
Agora, vamos partir

Troca de Turno


Poema antigo

lugarinho que fica
A Marca do trem
Trota e trota
Tratando de seguir, ah, olha que vem!

Troca agora de banco
Leva o tratorzinho daqui, menino
Deixa sentar a grávida de brinco
E brinca sem tristeza, garotinho

Apita fumando fundo
A fornalha fumega
Entre trocas de carvão do vagabundo
Flutua na carga, o vinho da adega

Chega e crepita a chuva
Tatraca no trilho
O homem apaga o fumo
O sino badala chorando, é a troca de turno.

Não negarei


Poema antigo

Não negarei a maior amizade minha, nem mesmo que todo o céu se torne chamas
Não negarei a amizade nem mesmo que as trovoadas cessem as viajens, jamais. 
Ou que caia em lástimas a maior das pragas. 
Não te negarei, nem por fim ou início dos tempos nem por mais, 
Não te deixarei lá acostada em lamentos 
Não te prometo nada em palavras, promessas devem ser sentidas em momentos 
Não te negarei para a vida ou para pretextos 
Somente te negarei se negar, te levar à bem-feitos
Negarei este poema se pedir versos sem defeitos

Como me sinto assim


Como me sinto assim
Na encruzilhada
Entre o finito mar e o universo sem fim
Inseguro em voltar ou ir em toda a jornada

Fora de mim, à deriva no nada
Passageira núvem ao azul
Sem verdades ou mentiras enganadas
Ou mistério de muita cor

O que fazer, por favor?
Permanecerei em noite calada
Ficarei aqui sem fulgor
Uma estátua na encruzilhada

Entre o ouro e a prata ornada
Seguindo o som à volta
Estarrecido, acuado por fora
E por dentro, numa sala sem porta

Que saída há numa trilha torta?
Num círculo sem margens
Em extrema órbita
Incerto de olhares ou miragens

Percebe a roda da carruagem?
Não há onde acabar
Somente a ranger engrenagens
Parada, sempre a girar

Mensagem em Palepsesto


Ah, quanto demorei para compreender, que sou a sua força.
Ao menos quero sê-la...

Deposite em mim o que quer que seja que está em seu abraço e dê-me com força. Torne seus olhos cais de uma noite eterna.

Nossas vidas se cruzaram desta maneira e apenas quero ser aquilo que fui determinado.

Usa-me. Afogue-se em mim; desejo saber a cura de suas lágrimas de unicórnio que esconde por trás desta pilha de livros-amantes.

Demonstra esta passagem secreta de sua estante, me leva ao pátio e me canta a Lullaby em som de harpas, cujas partituras pássaros escrevem na clave das linhas de nossos corações de pulsação notivaga.
Incendeie seu vestido de plumas e deixe sua mente nua diante de minha luxúria em compreender-te...

Charada Pública - Quem adivinha?


Um delinquente já me usou
Um assassino me procurou
Um pedestre já me viu
Uma lei já me proibiu

A sarjeta já  me elogiou
A calçada já raxei
Alguém já me arrancou
Perdidos já conheci

Prostitutas já beijei
Drogados denunciei
Meu vizinho atendi
Seu vizinho eu já liguei

Nomes muitos já tive
Tenho o seu também
Seu número registrei
Meu número ninguém tem

Você precisa de mim
Eu insisto em receber
Tilinto tanto aqui
Venha logo me atender!

Valsa falsa


O que é tão incógnito no mistério d'alma,
Se não ver o eclipse fazer-me estátua
Em lentidão calma, numa valsa
Falsa que corre a manhã?

Vi o sol surgindo
Vindo a sombra da terra
Perdendo o brilho
Ofuscando a lua
Despertando a Quimera

Um pequeno desabafo, mas necessário...


Não me encaro o grande conhecedor das palavras, mas tempo em que me empenhei conhecendo-as levou-me a conclusões, que, mesmo um pouco óbvias, eu fui saber de fato o que elas são na realidade.
Agora... Não consigo admitir pessoas que se expressam com elas, no intuito de, falsamente (não sejamos hipócritas, sim, falsamente), despertar sentimentos em outras pessoas, iludindo-as.
O despertar de sentimentos, não deve ser assim... ele deve ser mágico, como quando vemos algo no céu à noite e nos encantamos com o quão pequenos somos. Não é preciso esperar muito para que isso aconteça conosco, basta um olhar e pronto, sabemos, vemos nos olhos, os sentimentos, sem dizer palavra alguma. Mas, infelizmente, alguns ainda usam as palavras de maneira errada para contar contos-de-fadas que nunca serão reais... 

Se é


Lunática em seu eu,
Eu te entendo.
Sei como se é ser.
No seu caso só sabe ser quatro.
Quando o dia nascer,
Será só sem que eu te veja 
Sem que veja quem sou.
Ora, a você eu mudo, giro
Meio-fico, sumo, fico-meio.
Eu sou.
E é você que some, sai,
Se esconde, sorri muito
E engrandece demais!
Depois fica cheia, emarelece no poente
Fica descontente.
Míngua, linda na rotatória do céu,
Fala mais que a língua
Vai ao léo sem que te perceba.
E por fim, fica insana, mas sem ser
E não é só você, Luana, que se é
Quatro vezes ao mês,
Quarenta e oito vezes ao ano. 

Tão só.


Tão só, tão tarde, tão noite
Eu te escuto.
Não, na verdade eu te vejo
E te sinto numa memória
Numa história que perpassa seu corpo
E recordo como era louco
O tempo que passava contigo.

Louco não, incomum, você sabe
Era tudo de verdade
Uma tarde com Sol em nosso meio
E você, uma estrela mais perto de mim.
Até noite, te amando sem receio
Sem medo de amanhã, sem medo de Sol
Só, medo de ser tarde, no momento
Em que sua intensidade de ser estrela,
Minha estrela, se tornaria minha memória
E recairia
Tão só, tão tarde, tão noite
Numa poesia para você. 

Mensagem de namorado II - Por Favor!


Quando eu quiser partir me puxe e me abrace. Olhe nos meus olhos e deixe-os falar por você, porque quando os olho, ouço o som do amor, quase o vejo... Depois não faça nada, deixe que este amor aja por nós. Consigo sentir o seu beijo ao falar nisso.
Nada importa, pois temos que ficar juntos. Se estou fraco, o som do amor quando você - só você- me olha, me faz erguer. Quando te vejo em carência, só posso te abraçar e te consolar, porque você é o motivo de ser quem sou hoje e não posso te deixar cair. Por isso, te seguro e, se for preciso cairmos juntos, cairemos. E sabe o que aconteceria na queda? Voaríamos como num conto de fadas, pois quando se apaixona, a única queda é não estar ao lado de quem lhe é importante. Portanto, fica comigo...

Linha de tempo


Ah, Aline, há muito o que dizer, pois você concretizou minha existência de tal forma, que pude me sentir completo passeando pelas calçadas de Londrina ao seu lado, e vigiando o Campus decorado com corujas de coloração vermelha (graças, descobrimos  depois, à terra). Nosso encontro foi um imprevisível premeditado, muito embora, não acreditássemos que algo tão, tão… incomum, fosse acontecer.
Sabe, você não apenas me deixou lembranças intactas para serem lembradas ao resto de minha vida, mas também faz-se presente e além disso, um futuro próximo. Pois é, “Menina com uma flor”, você fechou-me nesses três estados de tempo e, indo mais além, todas as vezes que eu ler algo de Vinicius de Moraes, como você me pediu lembrarei de sua face e teu abraço e teu jeito, que ainda é de menina, menina de semblante inteligênte.
Aline, você foi minha real companhia, minha melhor amiga e mais do que isso. Me ensinou como viver de maneira tão divertida, algo tão sério. Pegarei caronas ao seu lado quando aquele (este) futuro proximo chegar, só para não gastar com passes ou passagens. Vai enjoar de mim nos almoços baratos, porque vai ter que me aguentar um bom tempo até que tudo, por algum motivo, se modifique. Tão logo, prepare-se para mais conversas longas como a qual tivemos e, é claro, prepare-se para rir de minha juventude, pois a farei rir, novamente, com a frequência dos ventos. Não sabe – e eu não consiguirei transmitir aqui – minha gratidão por você, fazendo um verdadeiro papel de irmã mais velha para mim e… espero ter conseguido fazer-me um bom amigo para você.
Cervejas, cigarros, rock’n roll, poesia, ideais, chocolate, flor e água (hahahaha) são seus componentes. É sério, já tentei te clonar em casa, mas faltou alguma coisa e desconfio que seja uma conjuração com sua voz murmurante, noturna. Existe um livro em você, deve ser por isso que segurei por todos os lados como faço com os meus, por aqui, na minha (ainda) pacata vida interiorana repleta de tranquilidade e comodidade.
É, sim. Ainda posso escutar sua voz me perguntando os rumos que deveríamos seguir como tanto fez, se importando se eu iria gostar ou não mesmo eu insistindo que te seguiria não importasse onde levaria, desde que me levasse a algum lugar. Vou, enfim, depois de tanto, perdurar sua existência de maneira suspensa em minha mente e coração, pois, você me fez o vestibulando, adolescente, leitor mais feliz de toda Londrina ao que começou a conversar comigo no Beco, o qual por magnífica coincidência, você inventou de ir, justo quando eu visitaria o lugar.
Como eu gostaria de falar mais, como eu gostaria de transmitir em inúmeras palavras cada segundo das vinte e quatro horas que passamos juntos. Mas só me resta de agradecer. Obrigado, Aline, obrigado por me fazer alguém diferente, obrigado por me fazer crescer tanto em tão pouco tempo. Obrigado por você existir e querer estar comigo por todo aquele tempo. Obrigado por ser uma linha de tempo em minha vida, um desvio na linha do trem, uma chuva no tempo de seca, uma montanha aos olhos de um pintor, Aline… Não consigo pensar em mais metáforas que descrevam o quão incrível você foi, é e será para mim…
Então, te deixo aqui com o pouco que consigo transmitir e por favor, escreva-me versos seus para que eu possa guardar na minha caixa de Pandora e juro, juro que ninguém irá roubá-la de mim em versos, em vida, em… em Aline.

Klaus Castagnotto 1/11/11

Elegia às flores mortas


Meu coração só continua galgando no ritmo, porque fechei os olhos;
Prolongo meu sorriso, porque há fumaça no quarto todo;
Meu amor... Meu amor só continua fluindo férreo nas veias, porque escrevo poesias;
E enquanto isso...
As brisas dos campos vermelhos trazem pólem para as flores mortas,
Do lado de fora da janela do quarto.

Não necessariamente uma mensagem, não necessariamente um poema.


Porque lançarei minha iris à nossa foto
E beijarei tuas cores que o sol reluz
A cada lágrima de saudade
De tocar sua tez e de te chamar de linda
Porque lançarei meus lábios à nossa foto
E olharei teus sabores de lua
A cada sorriso de ternura
De te ver nua, liberta de qualquer acaso
Porque lançarei meu corpo ao nosso fato
E te beijarei com muito amor
E caminharemos abraçados, e de mãos dadas
Porque eu te tenho em todas as estações
Do seu outono ao verão
E como sorria criança 

Sussurros das Margaridas


O que eis que te vejo
Sob a perspectiva contrária a luz do sol
E o vento passa neste momento
Te cobrindo de sussurros
Que te traduzem para meus significados.
Por outro lado me chamam como um campo de margaridas
Que é como te vejo nesse vestido de emaranhados desejos. 
Quando te enredo em meus braços e te aperto e como sinto
Seus dois lados, apertando e te segurando, o bom e o mau
Numa junção que não suporto, mas que preciso te morder,
Neste vestido de margaridas ao vento que leva seu perfume de sussurros
Com único significado.
E que quando veste esse vestido, caminha como os ventos com suas doces pernas
De segredos que não traduzem sussurros,
Mas que te balançam como um campo de margaridas que delineiam
A perfeição de seu corpo e que me dá vontade de te apertar
E me sentir numa núvem de ventos, sussurros e perfumes de seu vestido de margaridas.
O que eis que te vejo
Uma margarida vestida de mulher me sussurrando bons ventos. 

Distância


O que é isso que você faz comigo à distância?
Na instância em que me encontro de te ver sorrir,
Eu queria ouvir você pedindo meu abraço denovo 
Mas só há o silêncio que quer me ferir
Na poltrona da sala afundada em sombras.
E sei que você sente também, essa saudade
De me sentir seu amor, com olhos nos olhos
Afundados em beijos e abraços, em sexo e poesia
Sem distância entre o mar e a terra
Sem essa sensação vazia te ter que olhar para trás
E perder a esperança de que um dia,
Você pedisse meu abraço de novo,
Em silêncio, para te fazer sorrir..
Ah, o que é essa falta que você me faz? 

A Atração


Descendo vagarosamente, é doce
Toca em cheio em queda lenta
Hesita, e desce
Ele sente e o esquenta

Toca com os lábios, é preciso doçura
Mexe e se mistura, ora amargo, ora não
Está quente de mais agora
Esfria um pouco, mais lentidão

E sobe. A sensação é transbordante
É doce, gostoso
É suplicante
É harmonioso

Dançam energicamente fundo
Está quase no fim, agora não!
Nada mais é importante no mundo
Permanece o clima... do mel com limão

Uma Crônica

No sol vivo acolhendo o mundo na face das três horas me vi deitado, sob um banco traseiro de um carro olhando a urbana paisagem da estrada e o verde natural de campos e com o sabor de uma bala de morango na boca, no aconchego da mais doce garota em meus braços. Seus olhos fechados lembrando a noite de sono acariciavam minha visão com ternura e eu não podia deixar de olhar para aquele rosto submerso num sonho de tarde, leve. Ela se mexeu buscando conforto e acordou. Seus olhos encontraram os meus num brilho indescritível buscando algo e eu acariciei seus cabelos juntamente ao vento frio que tufava em nós, minha mão desceu até o seu queixo e trouxe-a até mim. Fechei os olhos e acho que entrei num sonho, quando seus lábios tocaram nos meus, feito mel e me fizeram suspirar...

Não Existem Mais


Acontece que elas já não existem mais
Essas mulheres de outro dia
E não há mais sentido para a poesia
Ser chamada de Alice, Ana, Catarina ou Maria
Porque elas só querem, essas mulheres, reclamar
Que ninguém mais as amam como deveriam
Então eu desisto de me perfumar e
Fico no bar imaginando como seria
Se o poema não fosse sozinho. Se ele não fosse sozinho...
Eu lhe recitaria uma mulher, o poema gosta 
É de Alices, Anas, Catarinas ou Marias
As ama todas, mas acontece que elas já não existem mais
Essas mulheres, que adorariam mil vezes um beijo depois de um poema.
Só há aquelas que pedem para serem usadas por um dia
É que para mim não existem mais aquelas mulheres, lembra?
Eu lembro.
Alice, Ana, Catarina ou Maria, já deixaram de ser assim
E eu já desisti de encontrar o perfume ideal
Com aquela fragrância de poesia.
Adeus Alice, Ana, Catarina.
Adeus, Maria.  

Sem Nome.


Manifesto a desculpa esfarrapada de me esquecer
Então, me chame por outro nome.
Não atendo mais como aquele, ou outro, ou eu mesmo.
Agora sou diferente. Se me chamar use outro pronome,
Invente uma palavra nova para me visitar no café das três e meia,
Eu estarei tomando chá.
E julgue o que eu não sou mais à vontade, como antes já fazia
Não precisa mudar esse hábito; daquele outro que iria
Dedicar horas de sua vida, para uma outra vida de maneira séria 
Ou tão ridícula como a outra insistia em ser. 
Eu não sei, eu não sei, eu não sei.
Mas me chame por outro nome,
Não há sentido na minha carteira de identidade
Porque como poeta, identidade, dentro ou fora da caixola,
Eu não tenho. Eu nunca serei.
 Estarei apenas esperando o momento de alguma filha de uma prostituta
Vir e mudar tudo, porque aí, vou ter que ter nome, endereço, verbo, idade,
Terei um fabuloso nome, números, estatus para quem se importa.
Mas o caso é que quero deixar esse meu nome para trás,
Porque assim ninguém vai conseguir me chamar
E esse será o motivo especial de minha solidão inóspita,
O sem nome.
Com nome, ninguém me chamava mesmo!
Como ninguém, todos vão poder ter um nome para não dizer
E ninguém serei eu.
Não estarei mais uma vez presente na formatura de seu filho
Não estarei presente durante teu orgasmo
Não poderei ser estar presente na chamada
E nada vai poder ser de minha autoria
Nem nada, nem identidade, pintura, funerária
Estarei a partir de agora oniausente
Mais do que antes, porque agora
Eu já me esqueci, eu mesmo
E já sou alguém sem nome.