quinta-feira, 8 de março de 2012

Sem Nome.


Manifesto a desculpa esfarrapada de me esquecer
Então, me chame por outro nome.
Não atendo mais como aquele, ou outro, ou eu mesmo.
Agora sou diferente. Se me chamar use outro pronome,
Invente uma palavra nova para me visitar no café das três e meia,
Eu estarei tomando chá.
E julgue o que eu não sou mais à vontade, como antes já fazia
Não precisa mudar esse hábito; daquele outro que iria
Dedicar horas de sua vida, para uma outra vida de maneira séria 
Ou tão ridícula como a outra insistia em ser. 
Eu não sei, eu não sei, eu não sei.
Mas me chame por outro nome,
Não há sentido na minha carteira de identidade
Porque como poeta, identidade, dentro ou fora da caixola,
Eu não tenho. Eu nunca serei.
 Estarei apenas esperando o momento de alguma filha de uma prostituta
Vir e mudar tudo, porque aí, vou ter que ter nome, endereço, verbo, idade,
Terei um fabuloso nome, números, estatus para quem se importa.
Mas o caso é que quero deixar esse meu nome para trás,
Porque assim ninguém vai conseguir me chamar
E esse será o motivo especial de minha solidão inóspita,
O sem nome.
Com nome, ninguém me chamava mesmo!
Como ninguém, todos vão poder ter um nome para não dizer
E ninguém serei eu.
Não estarei mais uma vez presente na formatura de seu filho
Não estarei presente durante teu orgasmo
Não poderei ser estar presente na chamada
E nada vai poder ser de minha autoria
Nem nada, nem identidade, pintura, funerária
Estarei a partir de agora oniausente
Mais do que antes, porque agora
Eu já me esqueci, eu mesmo
E já sou alguém sem nome. 

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