quarta-feira, 7 de março de 2012

Refém de Outono



Eu te amo,
Mas que talvez, não a ame pela eternidade.
Acredite, os deuses me concederam o dom de amar fortemente
Num lampejo outonal,
Como que se anualmente me fosse dada a flecha dos grandes.
Mas que eu te beije com a doçura dos ventos em aurora boreal
Porque te amo, simplesmente pelo alvorecer de nossas almas
Num beijo que indubitavelmente deveria ser meu e seu e de mais ninguém
E é por isso que te amo do fundo dos olhos negros de Adão,
A contemplar por fim, o fruto do bem e mal, numa tempestade de outono.
E não te amarei para sempre, naquele reflexo da terra, gravado e profundo
Numa cratera, que, porém, como eu, faz-se por ali sem instantes perpétuos
Mas repentinos e lustrosos, ofuscantes como seus olhos de fogos-fátuos
E que não chore a me ver, como chuva em terrenos belos.
Foi escrito que devo partir à milhares de primaveras
Numa tempestade de outono.
E que nunca venha atrás socorrer-me da divina promessa,
Que um dia, acharei meu lugar, pois há eras atrás
Mantive-me no trono reliquial, sedento, da aura
Da morte da inocência, que me aventurava em dia único de outubro
E me foi dado o cálice da luz angelical, para amar e somente te amar
Em aroma que já se faz dissolver pétalas de neve e aquecer,
E a provocar um Eu te amo num estrondo ecoante.
E é anunciada a primavera, então devo eu arremessar e nunca
Deixar esquecer que foi uma verdadeira eternidade repentina
De uma tempestade de outono.

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